domingo, 15 de abril de 2018

Recaídas do alcoolista

Após alguns meses ou anos sem beber qualquer coisa, vem a notícia: o alcoolista em remissão voltou a beber. É uma situação horrível, na qual o próprio indivíduo se sente uma falha e as pessoas ao seu redor podem acabar decepcionados ao invés de compreender.
Algumas dicas do que fazer quando isso acontecer são:
  • Entenda que recaídas fazem parte do processo de recuperação e não se deve culpar ou julgar o indivíduo que, no fundo, só estava buscando aliviar os sentimentos ruins que vem junto com a abstinência;
  • Quando o indivíduo demonstra irritabilidade, passa a faltar nas reuniões dos grupos de apoio, parece estar frustrado e piora seu desempenho no trabalho e/ou escola, pode ser que ele esteja tendo uma recaída. Nesses casos, é importante buscar ajuda o mais rápido possível;
  • Incentivar o dependente a criar novos hábitos saudáveis ajuda a mantê-lo ocupado com outras coisas, evitando uma recaída;
  • Exercícios físicos são ótimos substitutos para o álcool, visto que liberam neurotransmissores relacionados ao prazer no cérebro, evitando sentimentos como angústia e ansiedade causados pela abstinência;
  • Evite situações que lembrem ao vícios: festas, pessoas envolvidas nos vícios, comemorações onde há bebidas, etc.;
  • Estimule novas amizades, relacionamentos saudáveis com pessoas que tenham bons hábitos e, principalmente, não bebem;
  • Em caso de recaída, estimule o dependente a voltar para a clínica. Deixar como está e fingir que vai ficar tudo bem só piora a situação;
  • Auxilie o paciente numa reorganização da própria rotina, com novas atividades como um novo emprego, cursos, terapias, entre outros. Manter a mente ocupada é importante para resistir às tentações;
  • Incentive o alcoolista a nunca abandonar o acompanhamento profissional, pois muitos casos de remissão, quando param a terapia ou os grupos de apoio, voltam a beber;
  • O apoio da família e dos amigos é indispensável para uma boa recuperação. Jamais repreenda o alcoolista, principalmente após recaídas, e sempre demonstre apoio e carinho.

Consequencias e efeitos colaterais do alcoolismo

Gastrites e úlceras

Não raramente, o álcool leva à erosão das paredes do estômago, desencadeando uma inflamação da mucosa estomacal (gastrite), assim como úlceras gástricas, feridas que podem se desenvolver no estômago, esôfago ou intestino.

Danos hepáticos

O fígado é, definitivamente, o órgão que mais sofre com as agressões do álcool.
Começa com um simples acúmulo de gordura no fígado, que logo evolui para hepatite (inflamação) e fibrose, por uma tentativa de defesa do fígado. Aos poucos, a situação piora, até chegar na cirrose, doença caracterizada por cicatrizes e insuficiência hepática.

Pancreatite e diabetes

A agressão do álcool pelo trato digestivo também pode causar inflamação no pâncreas. Essa inflamação pode levar a destruição de tecido pancreático, juntamente com as células produtoras de insulina. Desse modo, pode-se desenvolver também diabetes.

Síndrome de Wernicke-Korsakoff

Como o álcool afeta a absorção de alguns nutrientes, é comum que alcoolistas sofram também com a síndrome de Wernicke-Korsakoff. Essa doença é caracterizada pela falta de vitamina B1 (tiamina), causando paralisia de alguns músculos, problemas oftalmológicos e distúrbios de estado mental.

Alterações circulatórias

O álcool também promove alterações na circulação sanguínea, podendo levar a doenças como hipertensão (pressão alta) e aumentar o risco de acidente vascular cerebral (AVC).

Aterosclerose

Por alterar o funcionamento do fígado, o abuso do álcool prejudica os níveis de colesterol na corrente sanguínea. Dessa forma, o colesterol pode se acumular nas paredes das artérias, levando ao endurecimento e estreitamento das mesmas. Essa condição é chamada de aterosclerose.

Câncer

O consumo frequente de álcool é um grande fator de risco para o desenvolvimento de câncer, especialmente no aparelho digestivo, que envolve a boca, esôfago, estômago, intestinos e fígado. No entanto, os riscos de câncer não se limitam à esse trajeto, podendo aumentar em outros órgãos também.

Síndrome do alcoolismo fetal

Mulheres alcoólatras em idade fértil devem tomar muito cuidado para não engravidar enquanto não conseguirem ficar em abstinência total. Isso porque o consumo de álcool enquanto grávida, independente de quantidade, causa danos ao feto, levando a malformações congênitas.

Complicações sociais

O alcoólatra também pode sofrer com muitos problemas sociais ao não se tratar.
Não raramente, o dependente acaba faltando no trabalho, escola, faculdade ou outras ocupações, por serem locais nos quais não pode beber, ou por conta dos sintomas da ressaca. Isso pode levá-lo ao desemprego.
As relações interpessoais ficam em segundo plano e muitas acabam sendo desfeitas. O alcoolista pode acabar ficando violento, tanto quando bebe quanto quando está em abstinência. A família e os amigos podem abandoná-lo, ou ele mesmo pode acabar saindo de casa para se entregar inteiramente à bebida, indo morar na rua.

Morte

Tanto pela intoxicação aguda quanto pelas complicações, o álcool leva à morte. Enquanto o acúmulo acima de 5g de álcool por litro de sangue pode levar à parada respiratória, diversas doenças causadas pelo álcool facilmente levam ao óbito.

Consequências físicas e psíquicas do alcoolismo

O álcool é um grande fator de risco para o desenvolvimento de diversas doenças, sendo muitas delas bem graves. Atente-se sempre à saúde daquela pessoa querida que teve ou tem problemas com o álcool, pois muitas doenças podem levar à morte.
Algumas das principais consequências são:

Danos no sistema nervoso

O consumo exagerado de álcool está relacionado a danos tanto no sistema nervoso central quanto periférico. Quando se trata do SNC, o abuso da substância pode levar à demência, enquanto, no periférico, há possibilidade de diminuição de sensibilidade e força muscular das pernas.

Remédios e medicamentos para alcoolismo

Para ajudar na fase de desintoxicação, o médico pode recomendar alguns medicamentos. São eles:
  • Dissulfiram: Este fármaco promove uma sensação desagradável se o indivíduo ingere qualquer quantidade mínina de álcool, criando uma aversão às bebidas alcoólicas;
  • Naltrexona: Ajuda a reduzir a compulsividade e a vontade de beber;
  • Acomprosato: Não se sabe exatamente o mecanismo de ação deste medicamento, mas acredita-se que ele restabeleça o equilíbrio químico prejudicado pelo uso de álcool;
  • Oxibato de sódio: Melhora a neurotransmissão de GABA e diminui os níveis de glutamato, auxiliando no período de desintoxicação.

Alcoólicos Anônimos

Talvez a maior organização voltada à recuperação de alcoolistas do mundo, a Alcoólicos Anônimos (AA) é uma comunidade de caráter voluntário que promove reuniões de alcoolistas em abstinência para alcançar e manter a sobriedade. Nascida nos Estados Unidos, a AA é facilmente encontrada em diversas cidades ao redor do mundo, sob a premissa de manter a sobriedade e o anonimato. A instituição é mantida por meio de doações dos próprios membros e não aceita financiamento de qualquer outra fonte.

Alcoolismo tem cura? Qual o tratamento?

Infelizmente, o alcoolismo não tem cura. Existe apenas a remissão dos sintomas, mas o alcoolista nunca mais poderá tomar um gole sequer de álcool. O processo de tratamento é complexo e demorado, mas pode ser feito com segurança quando acompanhado por profissionais capacitados. Saiba mais: Desintoxicação A primeira etapa do tratamento é a desintoxicação, na qual o paciente entra em um período de abstinência do álcool. Ele deve ser feito com o acompanhamento de um psiquiatra e pode ser necessário internação. Durante esse período, avalia-se os danos físicos e mentais do consumo de álcool em grande quantidade e por tanto tempo. Algumas vezes, o médico pode receitar medicamentos para auxiliar na desintoxicação. Eles trabalham controlando a impulsividade e dando sensações desagradáveis ao consumir álcool, por exemplo. Psicoterapia Após a desintoxicação, a psicoterapia é a próxima etapa para a remissão dos sintomas. A abordagem mais utilizada nesses casos é a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), que envolve a aprendizagem de técnicas para evitar recaídas, além de auxiliar na mudança de hábitos e pensamentos que podem servir de gatilho para a bebedeira. Outras abordagens psicoterápicas como a psicanálise e a gestalt-terapia também podem ajudar, especialmente se o hábito de beber está associado a outros transtornos mentais. Terapia de grupo Embora a psicoterapia individual auxilie, alguns estudos mostram que a terapia de grupo é mais eficaz na prevenção de recaídas, mudança de hábitos e situações sociais. Existem muitas clínicas e programas especializados na recuperação de alcoolistas.

terça-feira, 10 de abril de 2018

Remédio para alcoolismo

Um remédio que ajuda a reduzir o consumo de álcool deve ser incluído no sistema de saúde público do Reino Unido para o tratamento de alcoólatras.

Voltado para pessoas que bebem mais de 7,5 doses de álcool por dia, o nalmefene, já oferecido na Escócia, é uma tentativa do governo britânico diminuir o consumo de bebidas alcoólicas no país.

Segundo estatísticas do sistema de saúde do Reino Unido, 8.367 pessoas morreram em decorrência de complicações relacionadas ao consumo excessivo de álcool em 2012, último ano em que o estudo foi realizado.

Vendido com o nome de Selincro em vinte países da Europa desde 2013, o nalmefene bloqueia a sensação de prazer trazida pela bebida, diminuindo no paciente a necessidade de ingerir álcool.

De acordo com testes feitos pelo laboratório fabricante em pacientes-teste, o nalmefene reduziu em 60% a vontade de beber, quando comparado com apoio psicológico e placebo.

A Lundbeck, empresa que fabrica o Selincro, afirma que além do uso da droga, o paciente necessita de acompanhamento emocional durante o tratamento.

O nalmefeme também não previne os efeitos intoxicantes do álcool ou as consequências do consumo excessivo, como suor, dor de cabeça e enjoo.

Segundo a fabricante, não há previsão do Selincro chegar ao Brasil.

Controvérsia

O anúncio de que o governo britânico planeja implantar o nalmefene no sistema público de saúde gerou polêmica no Reino Unido.

De acordo com os médicos contrários ao uso da droga, existem alternativas mais eficientes e baratas para resolver o problema do consumo excessivo de álcool, como aumentar a tributação ou reduzir o espaço publicitário de bebidas.

"Ele pode criar a ideia de que medicar um grande número de pessoas é melhor do que outras medidas existentes para reduzir o consumo de álcool", disse à BBC Niahm Fitzgerald, especialista em estudos do álcool na Universidade de Stirling, na Inglaterra.

Além disso, a efetividade do remédio também foi contestada. "Todos os testes foram feitos em pessoas que queriam reduzir a quantidade de álcool que consumiam", afirmou Matt Field, professor da Universidade de Liverpool.

"Ele simplesmente não foi testado em pessoas que não estão interessadas em reduzir seu consumo de álcool e a maioria dos médicos acredita que nenhum tratamento pode funcionar a não ser que as pessoas estejam motivadas a mudar", disse.

Outros médicos também afirmam que a meta do tratamento de pessoas alcoólatras é a abstinência e não apenas a redução no consumo da bebida.